Escola primária dos anos 50/60 (3º e 4º "anos"). Aula de "Linguagem". O professsor coloca na frente da sala um tripé (às vezes, até um rústico cavalete) contendo cartazes com ilustrações bem feitas e coloridas dos mais variados temas (crianças brincando, paisagem, atividades na escola, cenas do cotidiano da cidade ou da roça, etc).
Feito isso, ele vai ao pequeno armário, retira e manda distribuir a cada aluno o seu respectivo e conservadíssimo "caderno de linguagem" (quando o trabalho não é feito no usadíssimo caderno de ocupação, amarrotado e cheio de "orelhas").
Terminada essa "operação", diz à atenta classe que deverá ser feita uma "composição à vista de uma gravura". Escolhe um dos cartazes que ficará exposto no tripé (como o "flip-cart" de hoje), ou pendurado na parte de cima da lousa.
Recomenda capricho, criatividade e outras "formalidades" de praxe. E, então, a turminha começa a dar asas à imaginação.
Nessa altura, a criançada já sabia que "composição" indicava a criação de uma pequena história onde os personagens tinham nome e viviam situações conforme mostrava a ilustração (e a cabeça engendrava).
Já tinha aprendido que era diferente da bem mais fácil "descrição" (tão-somente uma apresentação detalhada do que era visto na gravura, sem "grande esforço" de imaginação e criatividade.
Mas, além dessas práticas, mais uma fazia parte da rotina do dia a dia do pessoal já alfabetizado do Grupo Escolar: a chamada "reprodução". Cada um abria seu livro de leitura (Coração Infantil,Coleção Sodré, Infância Brasileira, Meninice, Tesouro da Criança, Vamos Sorrir, etc) e lia uma pequena história escolhida pelo mestre.
Terminado o tempo estabelecido para a leitura silenciosa (suficiente para algumas repetições) os alunos deveriam reproduzí-la no caderno, "com suas palavras". Das três modalidades, era a que a criançada menos gostava, por ser a "mais difícil".
Todas essas atividades objetivavam o desenvolvimento da criatividade, da capacidade de observação, da memorização e do enriquecimento do vocabulário.
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